domingo, 27 de novembro de 2016

Prelúdio - Ato 006 - Reencontros


Leo era um menino tranquilo, e vivia na província de Temísia, onde também ficava o templo do Gran-Conselho de Lemúria.

Aos onze anos de idade tinha duas grandes amigas: Sofia, uma misteriosa garota que morava no templo da autoridade máxima da ilha, e Lyra, uma doce jovem que o acompanhava em todos os lugares que ia.

Leo, sem saber o porquê, sentia os movimentos das estrelas, sua origem e sua destruição.

Aos quinze anos, depois de salvar Lemúria da catástrofe, protegendo a todos do meteoro, Leo recebe a visita de Atena. Uma moça tão jovem quanto ele surge emanando uma aura especialmente conhecida.

A jovem de olhar doce e semblante tranquilo vestia um singelo vestido azul claro, e portava em sua mão direita um báculo. Leo sabia que Atena reencarnara naquela época, mas não imaginava estar frente a frente com ela.

Seu cosmo era quente e amável, mas havia algo que ele não conseguia entender no sorriso da deusa. Uma arrebatadora sensação de proximidade tomava seu peito, apesar de saber isso ser impossível.

A deusa dele se aproxima, e Leo a reverencia.

— Leo. Diz a Deusa. — Obrigada. Teu dom de entender as estrelas, de conter sua fúria, e sua percepção extra-sensorial salvou a ilha. Sua terra natal. Estamos em desvantagem na luta contra Poseidon. Poderia ser de grande valia sua presença nessa batalha. Estaria disposto a lutar ao meu lado?

Leo esperava por esse momento há algum tempo.

— Sim, Atena. Responde. — Seguirei com as tropas de Lemúria na próxima partida.

— Sim. Confirma Atena.

Atena se despede de Leo, e segue um tanto desorientada a algum lugar.

— Posso escolta-la aonde vais? Propõe Leo. Atena sorri.

— Sim. Responde a deusa. — Vou a praia. Pode me mostrar o caminho.

— Sim. Atende Leo.

O Gran-Mestre vê Atena acompanhada por Leo e sabe que ela está em segurança, na companhia de um dos mais promissores guerreiros da ilha. No caminho Atena e Leo conversam descontraidamente.

— Visitei Lemúria há muito tempo atrás. Conta Atena. — As praias daqui são lindas. Mesmo que hoje o mar nos reserve perigos. Leo concorda.

Leo ouvia atento as palavras de Atena, mas sem se desviar de sua proteção.

TEMPOS ATRÁS

Leo nutria por Sofia um carinho especial. O mesmo carinho que Lyra por ele possuía.

Eram dias felizes, mas num dia de domingo Sofia não aparecera como de costume. À mente de Leo pairava a lembrança do beijo entre os dois, ocorrido dias atrás. Naquele momento Leo se dera conta da dor da despedida. A curta e estranha sensação sentida outrora durante aquele beijo.

Para Leo os dias seguintes não seriam os mesmos sem Sofia, e ele toma uma decisão: ele seguiria seu caminho baseado em frase sempre dita por Sofia — “Lute para conseguir o que desejas”.

O grande sonho de Leo era tornar-se Gran-Mestre, e liderar as forças de Lemúria em prol de Atena.

O tempo passa e Sofia não mais retorna, e decidido a seguir a sábia frase que tanto ouvira, Leo se dedica ao seu máximo para uma a uma galgar posições até seu objetivo final.

Aos quatorze anos Leo possuía uma aguçada capacidade extrassensorial, e sua habilidade especial esquecida por si próprio na infância, estava ainda mais forte.

Suas habilidades eram consideradas piada por outros lemurianos de mesma faixa etária. Quatro anos atrás Leo dissera a todos que um grande meteoro atingiria a terra, e como tal fato não ocorrera ele ganhou a fama de maluco.

Certo de falara a verdade, Leo seguia seus estudos, e treinava suas habilidades para proteger Lemúria e a Terra dessa ameaça. Já mais habilidoso e melhor senhor de seu dom Leo já sabia a data da ocorrência desta catástrofe.

Aberion, o Mestre Alquimista da província acompanhava a evolução de Leo, e junto ao Gran-Conselho depositava total confiança em suas previsões.

Na data prevista da chegada do objeto à terra, todos os mestres alquimistas foram convocados a conter a enorme esfera flamejante.

A velocidade somada a grande massa do objeto não permitiu que a onda telepática surtisse efeito.

Leo estava na praia, e pressentindo o grande impacto concentra-se. Ele sente o pulsar do núcleo flamejante com o pulsar de seu próprio coração. Ele sente cada nova explosão de moléculas se aquecendo ao entrar na órbita da terra, e em sintonia com o objeto concentra seu cosmo para desagregar essas moléculas. Uma rajada de luz parte da beira mar e uma enorme explosão ocorre a centenas de milhares de quilômetros da Terra, percebida pelos pequenos pedaços de rocha de menor impacto que atingem a terra como uma fraca chuva de granizo.

A composição dos fragmentos era algo que já atingira a Terra, a milhares de anos atrás, e formara uma grande cratera sob o mar.

A notícia do grande feito de Leo corre todos os cantos de Lemúria, e o lemuriano, antes maluco, é aclamado como herói. Mas uma pessoa em especial também soubera de tal alvissareiro feito, era Sofia.

Em Atenas Sofia já não mais se portava como pessoa simples, mas como Atena, a deusa da Sabedoria e da Guerra Justa, deusa regente da superfície da Terra.

Saudosa de alguns anos atrás a jovem lembra-se da situação que mudara sua vida por completo: abandonar seu amor por um homem, em prol de toda a humanidade.

DOIS ANOS ANTES

Era domingo e Sofia como sempre nesse dia, ao fim da tarde, depois da escola, preparava-se para ir se divertir com seus amigos.

Alberion a chama e eles seguem para o templo do Gran-Conselho. Sofia não sabia a razão daquele momento, mas sentia há tempos algo diferente. Ela percebia estar sendo chamada a uma grande responsabilidade.

Sorridente, ela e Alberion passam ao salão do Gran-Conselho. Minutos depois se deparam com o que parecia ser outro grande lugar, visto o tamanho das portas devidamente protegidas por dois soldados lemurianos.

Ao sinal de Alberion os guardas abrem as pesadas portas e uma grande energia é liberada, como se há tempos ansiosa para sair. Naquele momento Sofia sente como se fosse completada em sua alma.

Eles entram no local, e dos lados de um grande trono ao fundo haviam à esquerda um cetro, e à direita um pequeno objeto, como um boneca feita de ouro.

Alberion olha para a menina e confirma pelo seu sorriso as palavras ditas por Atena em visita a Saulo, tempos atrás. Sofia olha para seu tutor a espera de saber o significado daquilo tudo.

Alberion sorri para Sofia e ajeita seus cabelos.

— O que é esse lugar? Sofia estava curiosa. — Eu gosto daqui.

Ao ouvir tais palavras a angústia que rondava o coração do sacerdote é dissipada.

— Aqui é a sala de Atena. Começa Alberion.

Sofia sorri.

— A deusa da Sabedoria e da Guerra Justa, não é isso?

Sem nada entender, surpreende-se Alberion.

— Como sabes disso, pequena Sofia?

— Uma moça de vestido branco me disse. Responde a menina. — Ela disse que eu ia ser como ela um dia.

Sofia aponta para os objetos ao lado do trono.

— Ela disse que eu ia segurar aquele ... deixa eu lembrar o nome ... Ah! Báculo. E aquela bonequinha será minha proteção, minha armadura. Não entendi nada mas tudo bem.

Alberion fica ainda mais surpreso, desta vez com a maturidade de Sofia diante de tais fatos.

— Ela também disse ... Continua Sofia. — que teria que trocar o amor de alguém pelo amor por toda a humanidade.

Aberion curioso, frange o rosto.

— Mas você ama alguém, minha pequena jovem? Indaga Alberion.

Sofia, tímida abraça alberion.

— Sim, Eu gosto de alguém. Responde. — Mas vou ter que esquecer um dia. Amar e salvar a todos é mais importante, não é?

Alberion pensa um pouco e descobre o nome daquele que a pequena Sofia gostava.

Sábio e confiante no crescimento de Sofia, Aberion olha para ela como discípula.

— Isso depende de você. Responde. — Amar a humanidade é cuidar da vida de todos os homens, mulheres e crianças dessa terra. Isso inclui a vida de Leo. Não é dele que você gosta, minha menina? Conta pra mim, que eu não conto pra ninguém.

Ela, tímida e envergonhada, balança a cabeça em sinal positivo.

— Mas por que não posso amar os dois? Indaga inocente Sofia.

Alberion sorri, se agacha, ajeita os cabelos da menina novamente, e carinhosamente toca seu rosto.

— Se amar Leo vai querer cuidar só dele, e poderá não ajudar a todos. Explica Alberion. — Vai querer pensar só nele, e poderá se distrair na hora de ajudar os outros. Você entende?

Sofia abaixa a cabeça triste.

— Então tenho mesmo que fazer isso? Escolher? Indaga.

Alberion toca o queixo da jovem e levanta sua cabeça.

— Sim, minha criança. Responde. — Saiba que estarei sempre ao teu lado, e seus pais também. Atena conta contigo, minha menina.

Aparentemente resignada com sua tarefa, difícil para alguém tão jovem, sorri Sofia.

— Então a moça de branco era Atena! Conclui Sofia. — E eu serei Atena.

As lágrimas escorrem em Sofia.

— Esquecerei o que sinto por Leo. Firme diz a jovem deusa. — Serei Atena para todas as pessoas da Terra. Me desculpe Leo.

O cosmo de Atena brilha em torno de Sofia, e o báculo da deusa sai do apoio em direção a sua mão direita.

Uma grande onda de cosmo varre a Terra. Os sacerdotes de Lemúria e Oscar em Ática já sabiam: Atena finalmente descera a Terra.

Saulo em Atenas sabia agora, que a sua menina se tornara a pessoa mais importante da Terra. Ele sorri.

A luz do cosmo de Atena se dissipa e o báculo retorna a seu lugar. A jovem cansada por tal transferência de poder cai nos braços de seu tutor.

Alberion pega Sofia no colo, e na proporção que caminham em direção a porta, ela se abre lentamente, para a surpresa dos soldados.

Vendo a aura divina de Sofia, os soldados se agacham em reverencia a Atena, que enfim nascera nessa era.

No local onde se encontravam, Leo aguardava ansioso por Sofia, apesar de no fundo de tua alma pressentir que não mais a veria. Ao fim do dia Leo voltou a sua casa triste.

Os dias se passam e a notícia era que Sofia viajara com Alberion a outras terras no continente. Leo conformado tinha apenas Lyra, e seu amor por ele, a partir daqueles dias.

O tempo passa e Sofia tornara-se Atena, e sob a guarda e proteção de Saulo residia em Atenas, no templo de Nike-Atena. Leo crescia como um grande guerreiro em nome da deusa.

LEMÚRIA — PRAIA DE TEMÍSIA.

Leo angustiado pela sensação para com Atena não se contém.

— Atena! Chama atenção, Leo. — Não consigo entender essa sensação que aperta meu peito. Sinto como se a conhecesse, mas é a primeira vez que tenho a honra de tua presença. Perdoe-me a ousadia.

Atena sorri.

— Não se preocupe, Leo. Estou ao lado de todos, sempre. Minha missão é zelar por todos na Terra, incluindo você.

Ela se lembra de sua inocente pergunta, quando tornara-se Atena.

— Sempre estive ao teu lado. Mesmo que não tenhas percebido.

Leo, apesar de não ter sua angústia resolvida segue resignado ao lado de Atena.

A deusa se aproxima da água do mar, e a tocar a espuma percebe uma poderosa cosmoenergia dela emanada. A aparência modificada de Atena deixa Leo em alerta. Ele sente uma grande massa de cosmo invadindo a praia. Ele se posiciona na frente de Atena, protegendo-a.

— Que sorte a minha. Ecoa do mar uma voz. — Encontrar Atena em minha visita a esta pequena ilha. Mas que falta de educação a minha, deixa eu me apresentar. Sou Sarah de Sirene, a General Marina guardiã do Oceano Atlântico Sul.

Leo mantem firme sua posição a frente de Atena para defendê-la do inimigo.


AS LEMBRANÇAS E SENSAÇÕES DE OUTRORA E A CHEGADA DE UMA VISITANTE VINDA DO MAR. O PASSADO SE CONFRONTANDO COM O PRESENTE NUM REENCONTRO QUE PROMETE FORTES EMOÇÕES.

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