sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Prelúdio - Ato 007 – Batalha na praia


Leo e Atena estavam na praia de Lemúria, e o mar revelara novamente sua face. Chegara Sarah de Sirene, General Marina do Oceano Atlântico Sul para um encontro com a ilha dos alquimistas.

Sarah tira seu elmo, e pode-se ver a marca típica dos lemurianos.

— Você ... é lemuriana? Leo estava surpreso. — Por que retorna a nossa terra como marina? Como nossa inimiga?

Sarah ri com a surpresa de Leo.

— Poseidon me fez oferta irrecusável. Responde. — Uma oferta que Lemúria nunca antes havia me feito. Como poderia eu recusar?

Leo se indigna com a posição de Sarah.

— Por que você trai o nosso povo? Leo estava furioso. — Sempre tivemos Atena ao nosso lado, e nunca nada nos faltou. É inadmissível sua atitude. Não há perdão para um traidor!

Sarah vira a cabeça para o lado, olha para Sofia, sente seu cosmo e resmunga.

— Então essa é Atena? Sarah fala com ironia. — Onde estava quando eu passei fome? Quando minha mãe não tinha o que comer? Onde estava quando meu pai se foi, e eu chorei pedindo para que ele voltasse?

Por um instante as lágimas se abandonam no rosto de Sarah, mas a ironia logo as faz cessar, e a marina muda seu semblante.

— Ela não estava lá! Afirma. — Nos abandonou! Contaminou toda a Lemúria com teu culto. Agora vim para corrigir os erros, e levar minha ilha para o caminho certo. Lemúria será de meu Senhor Poseidon. Eu vim aqui para garantir isso.

Sarah olha Atena dos pés a cabeça, com desdém.

— Se Atena é essa garota ai ... Não será nenhum grande desafio. Vamos ver se o “herói” de Lemúria pode contra mim, Sarah de Sirene! Zomba!

— Vamos ver então! Firme retruca Leo.

Sarah sua flauta e a posiciona próximo a boca.

— Vocês irão conhecer um canto especial. O canto do julgamento reservado aos inimigos de Poseidon. Ouçam a canção da morte! Brada Sarah.

A marina começa a tocar sua flauta e uma suave melodia se espalha pelo ar.

Leo sente em sua alma um grande desespero, e cobre os ouvidos para não ouvir a música, mas de nada adianta.

Atena também sofre com a melodia de Sarah, que para por um instante.

— Puderam sentir a melodia da morte? Zomba Sarah.  Não adianta cobrir os ouvidos, nem mesmo destruí-los. O som vai diretamente a sua mente e a domina por completo. Ouçam a canção pela última vez.

Sarah novamente toca sua flauta, e Leo sente seu cérebro inundado novamente por aquela canção. No último momento de lucidez ele sente o brilho dos cristais de areia, que refletiam os últimos feixes de luz do sol.

Antes de desafalecer Leo concentra-se seu cosmo e reúne o brilho outrora visto com sua própria aura, expandindo sobre Atena como uma redoma formada de cristal. A canção cessa, e Leo e Atena recuperam suas consciências para o espanto de Sarah.

Leo olha para Sarah com determinação. Sarah toca sua flauta com igual convicção, e encontra uma parede a sua melodia. A marina é forçada a mudar sua estratégia.

— Muito bem Leo de Casparian! Sauda Sarah. Conseguiu conter minha canção, mas isso não durará. Você cairá, e em seguida Atena.

Sarah inflama seu cosmo para o espanto de Leo, e começa a tocar sua flauta vigorosamente, mas intensamente do que no momento atrás..

Leo sofre com a melodia que novamente afeta sua mente. Ele mantem a todo custo a barreira para a proteção de Atena.

Atena percebe o esforço de seu guerreiro, já agachado visto o uso de todas as suas energias na manutenção da barreira. Decidida a ajudar a seu valoroso guerreiro ela toca seu ombro e acende seu cosmo que sobressai a redoma de luz criada por Leo.

Atena inicia um doce canto, e a melodia da flauta é sobreposta, libertando a mente de Leo. Sarah interrompe a melodia.

— Mas que cosmo poderoso. Pensa Sarah. — Sobrepôs a poderosa canção de minha flauta. Esse sim é o cosmo de uma deusa. Agora essa luta está interessante.

Sarah olha Atena como adversária, de pé ao lado de Leo.

— Bela canção. Comenta Sarah. — Quase tão bela quanto a minha, mas mesmo entoada por uma deusa não afetará meus planos para Lemúria, e depois o continente.

Atena passa a frente de Leo, mesmo sob protesto de seu guerreiro, posicionando-se para a luta, quando uma forte presença é sentida. A Leo e Atena se mostra agradável, mesmo desconhecida, mas a Sarah torna-se um incômodo.

— Essa energia. Pensa Sarah. — De onde ela vem. Que cosmo mais intenso, mais inconveniente! Parece um vulcão.

Leo e Atena mantém a tranquilidade, enquanto Sarah parece desorientada, procurando a fonte de tal energia.

Atena e Leo inflamam seus cosmos, e se unem a espera da próxima ação de Sarah.

Sarah retorna sua atenção a luta, levando a flauta a boca para tocá-la. A melodia encontra na energia criada por Leo e Atena uma barreira.

— Essa força estranha. Pensa Sarah, ainda incomodada com a nova presença na praia de Lemúria. — Fortalece o poder desses dois. De onde vem esse poder? Sarah balança a cabeça, querendo desviar atenção do que a prendia. — Não, não! Tenho que me concentrar, e ignorar tudo isso.

A marina se concentra, e por um momento o estranho cosmo é ocultado. Ela explode sua cosmoenergia e novamente toca a flauta.

Leo resiste com sua proteção de luz, mas o poder de Sarah é muito intenso. Atena o protege com seu cosmo, mas Leo não resiste e cai. Antes que perca totalmente a consciência surge alguém, que com uma aura de fogo quebra a conexão da canção com o cérebro de Leo e sustenta seu corpo.

O homem desce Leo ao chão, e reverencia Atena.

— Atena, sou Ankaa, filho de Melias de Tessalian. Se apresenta o guerreiro oculto. — A disposição para serví-la.  Leo não está em condições de protegê-la. Seu trabalho será a todos contado. Permita-me assumir seu lugar.

Atena, feliz pela presença de guerreiro de tão forte cosmoenergia, agradece a Ankaa.

— Esteja a vontade Ankaa de Tessalian. Vamos dar um fim nesse confronto. Conto com você. Manifesta-se Atena, para resposta positiva e silenciosa de Ankaa.

Ambos direcionam sua atenção para Sarah, e o cosmo de Ankaa, quente como a lava do monte Jutsu, se une ao de Atena.

Sarah fica surpresa com o porte e grande cosmo de Ankaa, que apesar de presente se mantivera oculto em sua origem. O poder de decisão expresso na aura de Ankaa a assusta.

A marina recupera sua postura de luta.

— Vamos acabar logo com isso. Braveja Sarah. — Não sei como fez “aquilo” Ankaa, mas não se repetirá.

Sarah estava furiosa com o corte da conexão mental entre sua música e o cérebro de Leo feito por Ankaa, mas não se intimida.

— Será a última vez que tocarei esta flauta. Confronta a marina. — E essa terra será de meu Senhor Poseidon!

Ankaa ri.

— Sua técnica não é páreo para a minha. Zomba Ankaa. — Além do mais já pude vê-la ao detalhe.

Sarah, nervosa com a certeza de Ankaa, ri bem alto.

— Não seja tolo Ankaa. Afirma. — Entrarei em sua mente e o derrotarei. E você Atena ... Será a próxima. Levarei a cabeça de Atena como prêmio ao meu Senhor Poseidon.

A marina leva a flauta a boca e começa a tocá-la. Atena e Ankaa inflamam seus cosmos. A melodia da flauta se dirige a Ankaa, que atormentado pela canção sorri.

— Não adianta Sarah. Comenta Ankaa. — Uma técnica não funciona duas vezes contra um guerreiro de Atena.

Sarah não compreende o que dissera Ankaa, mas continua sua canção. Ankaa percebe a tensão de sua oponente e como feito a Leo corta a conexão, dissipando o som no ar.

— Mas como? Sarah estava ainda mais furiosa. — Como pode fazer isso novamente? Ankaa ri.

— Pude conhecer sua técnica enquanto ocultava meu cosmo. Explica Ankaa. — Sei que percebeu minha presença Sarah, mas não permiti que me encontrasse.

Sarah balança a cabeça.

— Te parabenizo Ankaa pela grande habilidade. Comenta Sarah. — Mas o som de minha flauta pode encontrá-lo onde quer que esteja, ainda que oculto.

Ankaa acha graça das palavras da marina.

— Mas é claro. Concorda Ankaa. — Se não fosse essa habilidade de sua melodia não poderia eu contrapô-la.

Sarah fica ainda mais confusa com o que Ankaa dizia. E ele novamente percebe o estado de confusão de sua oponente.

— Vou te dar uma trégua e te explicar. Inicia Ankaa. — Fui alcançado por sua canção, e me submeti a ela. Precisa conhecer seu fundamento.

Sarah fica surpresa com a resistência de Ankaa a sua sinfonia mortal.

— Como pode? Ela estava curiosa. — Como pode resistir a minha canção da morte?

Ankaa ri com a reação de Sarah, deixando-a ainda mais irritada.

— Isso é um segredo meu. Responde Ankaa. — Uma técnica que meu pai desenvolveu há anos atrás. Com ela eu tenho o controle.

Ankaa caminha em direção a Sarah com seu punho erguido. Ele começa a correr para golpeá-la, quando Sarah se esquiva e Ankaa para dois passos adiante.

— Grande técnica a sua Ankaa! Zomba Sarah. — Não consegue sequer me golpear diretamente. Muito lento!

Ankaa dá uma gargalhada.

— Pensou mesmo que golpeá-la era minha intenção? Diz Ankaa em tom irônico. — Meu ataque foi bem sucedido, e em breve você compreenderá. Mas sou eu que decido quando. Eu tenho o controle!

A marina acha graça.

— Quer mesmo que eu acredite nisso? Ri Sarah. — Vou tocar novamente minha flauta e acabar com você.

Ankaa sinaliza com a cabeça que “não”.

Sarah movimenta a flauta até a boca, mas antes que chegue aos lábios para de forma involuntária. Ela fica apavorada.

— Mas como? Diz Sarah. — Não tenho o controle de minhas mãos! O que você fez, maldito?!

Ankaa ri.

— É o verdadeiro efeito de minha técnica. Explica. — Aquela do punho que você acredita ter se esquivado. É o poder do controle.

Ankaa olha para Atena, lembrando-se de momento no passado. Atena com olhar fixo a Ankaa telepaticamente com ele se comunica.

— Não me agrada o controle, e sabes disso. Repreende Atena à mente de Ankaa. — Mas poderemos saber sobre nosso inimigo através dessa condição. Ao final tudo voltara ao normal.

Ankaa sinaliza a Atena que sim, e Sarah nada entende.

— Eu te controle Sarah de Sirene. Mas antes que volte para o mar, Atena quer te mostrar algumas coisas.

A mente de Sarah começa um turbilhão de imagens do passado, presente e futuro. Durante uns cinco minutos Sarah fica paralisada como uma estátua com seus olhar tenso.

Ankaa e Atena se olham, e aguardam o retorno a normalidade da Marina.

A luz retorna aos olhos de Sarah, e ela novamente vê Atena e Ankaa.

— O que foi tudo isso? Revoltada, expressa-se Sarah. — Quantas mentiras. Imagens plantadas em minha mente para me fazer recuar de minha missão, e desistir de tomar Lemuria para meu senhor Poseidon.

Atena da um passo em direção a Sarah, para a preocupação de Ankaa.

— Não são imagens plantadas a sua mente. Responde Atena. — São verdades esquecidas de ontem, hoje, e previsões para seu futuro. Cenas que você viveu e viverá, e só tive a tarefa de aflorar em sua mente, com a ajuda do poder de Ankaa. Lembranças para que não se esqueça de sua vida, e de que nunca te abandonei nem abandonarei, Sarah.

Sarah se revolta com as palavras de Atena, e retoma a luta interrompida por suas lembranças.

— Vamos acabar com isso agora!!! Afirma Sarah. — Darei fim a essa guerra, derrotando a própria Atena.

A marina prepara-se para tocar sua flauta, mas suas mãos não a obedecem.

— Mas como?! Sarah estava surpresa com sua impotência.

Ankaa ri da situação. Sarah não havia entendido a situação na qual estava.

— Esqueci de te dizer, Sarah. Diz. — Além das lembranças que te presenteou Atena, te deixei uma surprezinha. Um brinde. Não poderá tocar tua flauta por um tempo. Eu controle seus movimentos.

O semblante de Ankaa muda, e com seu cosmo ele acende seu espírito guerreiro.

— Volte para o mar, marina! Ordena Ankaa. — Volte Sarah de Sirene! Lemúria não mais te pertence.

Ankaa reúne todo o calor do ar em volta, e concentra em sua aura o calor contido no subterrâneo quente de Lemuria. Ele lança essa energia quente contra Sarah num turbilhão de chamas. A general marina é arremessada ao mar, envolta numa esfera de energia. A esfera se dissipa ao contato com as águas do mar.

Sarah fica atordoada com tamanha manifestação de poder de Ankaa, e percebe que não sofreu nenhum arranhão.

— Mas ... nenhum arranhão? Pensa Sarah. — Será que ... Não pode ser ...

Sarah estava há uns duzentos metros mar adentro, bem além da arrebentação das ondas. Cansada ele resolve voltar para casa. A marina segue mergulhando para o Templo Submarino.

Na praia de Lemúria Atena tem Leo nos braços, e através de seu olhar tenso podia-se perceber a grande preocupação da deusa. Ankaa sente a situação, mas é discreto.

— Deixe-me leva-lo Atena. Solicita Ankaa. — Ele precisa de cuidados médicos urgentes.

Ankaa teletransporta a todos até Casparian, na área central da província. O Gran-Mestre os esperava.

Horas depois aguardavam por noticias Atena e Ankaa. A médica permite a visita. Sofia tenta disfarçar, mas a forma como pega a mão de Leo confirma a Ankaa suas suspeitas. Leo acorda e vê suas companhias.

— Ankaa. Obrigado por salvar Atena. Obrigado por me salvar. Comenta Leo, ainda meio sonolento.

Ankaa sorri com a sensação de dever cumprido.

— Não se preocupe Leo. Fiz por Atena e por meus companheiros. É nosso dever protegê-la. Você lutou bravamente como um digno Lemuriano. Pude conhecer suas técnicas, e fazer a minha parte. Só não fique mal acostumado. Ao final brinca Ankaa.

Todos riem, e o ambiente pesado gerado pela ação de Poseidon é quebrado pela descontração do momento.

Leo sente um grande carinho por Atena, olha para ela e sorri. Volta-se para Ankaa, e como companheiro de luta responde.

— Pode deixar Ankaa. Retribuo o apoio em outra oportunidade.

Ankaa não mais estava presente, mas o calor de sua aura responde positivamente.

Horas depois Atena sai do centro médico acompanhada do Gran-Mestre e do Mestre Alquimista de Casparian, e a Ankaa agradece.

— Obrigado por sua dedicação, Ankaa. Comenta Atena, para o surgimento de Ankaa, que faz as saudações devidas. O mestre alquimista de Casparian se admira de ser o único a não ter percebido sua presença.

— É meu dever, Atena. Responde Ankaa. — Lutar em seu nome para sua proteção. É só chamar que como uma ave em chamas lá pousarei.

Ankaa desaparece como uma chama que se apaga.

— A Phoenix que tudo queima com suas chamas. Comenta Atena.  — A ave imortal que renasce das próprias cinzas. Esse parece ser Ankaa.

Os lemuriamos acham interessante a comparação feita por Atena.

— A ave de fogo combina bem com seu espírito de luta, ainda que esteja oculto. Comenta o Gran-Mestre.

— O filho ilustre das terras quentes de Tessalian. Completa Leon de Casparian.

Aquela jornada de Atena naquelas terras se encerra, e dias depois no porto de Lemúria o navio da deusa encontra-se atracado.

Os últimos cumprimentos de Atena e Gran-Mestre são feitos, e a deusa se encaminha ao cais. Na entrada da rampa de acesso ao navio encontra-se Leo em reverência. Atena se aproxima, para, agradece a acolhida e segue navio adentro.

Sofia Sorri. Leo se levanta e sorri ao Gran-Mestre.

— Desculpe-me a ousadia, Senhora Atena, mas designei Leo como sua escolta pessoal. Decidi por antecipar sua viagem ao continente. Dirige-se o Gran-Mestre a Atena por telepatia.

Atena agradece a atitude. Com um discreto sorriso ela aguarda por Leo para a partida.

Do alto das montanhas que ocultam o porto, um cosmo quente é percebido por Atena e pelo Gran-Mestre.

— Obrigado Ankaa! Pensa o Gran-Mestre. — Obrigado por zelar por Atena.

O navio passa por um pico mais agudo, e Atena olha para o alto. Leo sente uma presença, mas não se alarma.

— Ankaa ... Pensam Atena e Leo simultaneamente.

Eles se olham após perceberem a comunicação de pensamentos. Atena segue do convés a sua cabine, após o toque suave de Leo em suas costas, que permanecia em vigília. O toque quente aqueceria o coração de Sofia por toda aquela longa viagem.

Ankaa de longe tudo observava. Ele pensa em Lúbian.

— Minha flor de lótus. Pensa Ankaa.


VERDADES OCULTAS SÃO POR ATENA RESGATADAS. O PODER SOBRE A MENTE COMO O FOGO PELOS PUNHOS DO GUERREIRO ANTES OCULTO. ANKAA ENTRA EM CENA, E UM NOVO GUERREIRO A SERVIÇO DE ATENA SE APRESENTA PARA A LINHA DE FRENTE DA GUERRA.

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